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Editora: Renata Leite de Pinho Tavares

Colaboradores: Aline Luiza G. Estevam, Angela P. Bottin, Natalia P. Zardo


Qual a origem das emoções?[]

As emoções são respostas neurofisiológicas a estímulos externos e a circuitos internos coordenados pelo próprio pensamento que envolvem as estruturas do sistema límbico. Os estudos na área vêm crescendo e as pesquisas têm confirmado a relação somática com o centro das emoções, o que justifica o comportamento do organismo quanto às alterações imunológicas, viscerais, endócrinas, e etc.


Viver é ter emoções[]

Todas as pessoas possuem e manifestam emoções constantemente ao longo de seu dia, desde o amanhecer até quando se deitam para dormir. A comunicação entre pessoas e a posição do homem no seu meio social é um importante fator produtor de estímulos que gera diferentes emoções, fato bem ilustrado na figura 1.

Fofoca

Figura 1:http://www.casaconhecimento.com.br/blog/wp-content/uploads/fofoca.jpg

[1]

Talvez, porém, apenas poucas delas tenham parado para refletir a respeito da origem e do mecanismo do comportamento e das emoções, o que pode ser incluído o estresse, o vício, as alegrias e tantas outras que são vivenciadas. As reações a estímulos externos captados pelos nossos sentidos manifestam-se muitas vezes em nosso organismo como reações emocionais e geram conseqüências em resposta às mesmas. Foi partindo do mesmo princípio que, os primeiros estudiosos a respeito da fisiologia das emoções formularam suas teorias.


Principais teorias das emoções[]

A teoria de James-Land consiste no ideal de que as emoções são fruto de expressões somáticas e viscerais que causam posteriormente uma experiência emocional. Como o exemplo da figura 2, o indivíduo sente medo após uma reação corporal, ou seja, seu sentimento é uma resposta cognitiva - decorrente da ativação talâmica - frente a uma informação sensorial periférica e que se manifesta através de expressões somáticas e viscerais. Já sob o viés dos autores Cannon e Bard, as emoções podem ser apenas experimentadas sem a necessidade de expressá-las, ou seja, “Nós choramos porque sentimos tristeza, agredimos porque estamos com raiva, trememos porque estamos com medo...”

Figura2

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[2]

Antigamente imaginava-se que o homem era dependente da escola de todo o cérebro. Entre as mais importantes experiências demonstrando a participação do sistema límbico na regulação das emoções e do comportamento foi feita por Kluver e Bucy. Estes dois autores fizeram uma remoção bilateral da parte anterior dos lobos temporais em macacos Rhesus, lesando algumas importantes estruturas do sistema límbico como o hipocampo, giro para hipocampal e o corpo amigdalóide. Esta cirurgia resultou em uma alteração comportamental jamais observada em um animal submetido a um procedimento experimental. Estas originaram a síndrome de Kluver e Bucy, que caracterizada alterações de comportamento tais como: a) Passividade de animais à que eram selvagens e agressivos à domesticação; b) Perversão do apetite, em virtude da qual os animais passam a alimentar-se de coisas que antes não comiam; c) Cegueira psíquica manifestada pela incapacidade de reconhecer objetos ou mesmo animais que antes causavam medo, tais como cobras e escorpiões; d) Tendência oral manifestada pelo ato de levar à boca todos os objetos que encontra (inclusive escorpiões); e) Tendência hipersexual que leva os animais a tentarem continuamente o ato sexual (mesmo com indivíduos do próprio sexo ou de outra espécie) ou a se masturbarem continuamente. A partir de experiências com animais autores como Hess, na década de 40, fizeram demonstrações por eletrodos que demonstravam a existência de centros de regulação do comportamento. Foi com James Papez que o mecanismo da emoção foi anatomicamente descrito, num trabalho chamado Circuito de Papez (figura 3), onde as estruturas do Sistema Límbico (incluindo o hipotálamo e o tálamo) foram relacionadas num mecanismo harmonioso de interconexões que elaboraria o processo subjetivo central das emoções além da expressão das mesmas. A importância deste trabalho foi a confirmação das estruturas envolvidas nos processos emocionais e hoje sabe-se que ele relaciona-se também com a memória.

Figura33

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[3]


O Sistema Límbico[]

Sistema Límbico é a nomenclatura atribuída às estruturas cerebrais que coordenam o comportamento emocional e os impulsos motivacionais. Por ser um sistema, é composto por varias estruturas localizadas na base do cérebro (figura 4).

Figura 4

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[4] Centralmente localiza-se o hipotálamo e este é envolvido por estruturas como: o septo, a área paraolfatória, o epitálamo, núcleo anterior do tálamo, porções dos núcleos da base, o hipocampo e a amígdala, ou corpo amigdalóide. Estas são envoltas por um anel cortical, nomeado como lobo límbico (de limbo, contorno) por Paul Broca, em 1878, subdividido em córtex orbitofrontal, giro subcaloso, giro cingulado, giro parahipocâmpico e uncus. Atualmente já existem definições mais concretas e sobre os sentimentos e as emoções, entre elas destaca-se uma elaborada pelo neurocientista português António Damásio, "Os sentimentos não são nem inatingíveis nem ilusórios. São o resultado de uma curiosa organização fisiológica que transformou o cérebro no público cativo das emoções teatrais do corpo", escreveu Damásio no livro O Erro de Descartes, um de seus trabalhos em que expõe sua busca sobre a base biológica das emoções e da consciência humana. Também por ele, as emoções foram classificadas entre primárias e secundárias. As primeiras seriam relacionadas com as necessidades imediatas (relacionadas à sobrevivência), evolutivamente necessárias para desenvolverem reações que possibilitaram a sobrevivência da espécie humana, como alimentação (fome/saciedade), obtenção de água (sede), sexo (libido), fugir do predador ou outra ameaça (medo), defender os filhotes (ira/agressão),etc. Já as secundárias geram os chamados comportamentos motivados, por serem acompanhados por essas motivações das emoções primárias e gerarem estados mais discriminativos e complexos como ansiedade, satisfação, prazer, amor, familiaridade e uma miríade de sentimentos mais subjetivos.

Estudos eletrofisiológicos comprovam que o sistema límbico recebe informações de caráter somático, visceral e sensorial de praticamente todos os órgãos sensoriais por meio de feixes de fibras ainda não tanto conhecidos. Sabe-se também que muitas das funções comportamentais provocadas pelo hipotálamo e por outras estruturas límbicas são mediadas por núcleos reticulares do tronco cerebral e seus núcleos associados. As informações que chegam pelas fibras aferentes podem provocar estímulos excitatórios por parte destes núcleos e, por conseguinte, causam altos graus de excitabilidade cerebral. Além da conexão com o tronco, as informações sensoriais são transmitidas dentro do encéfalo por meio de feixes sendo que o principal é o feixe prosencefálico medial, que se estende das regiões septal e cortical orbitofrontal para baixo, pelo meio do hipotálamo, para a formação reticular (núcleos) do tronco cerebral. As conexões com o tronco (mesencéfalo, ponte e bulbo) são importantes, pois, através delas impulsos integrados no sistema límbico são levados à formação reticular do mesencéfalo de onde, segundo se admite, projetam-se sobre as vias eferentes do tronco encefálico e da medula, desencadeando as respostas periféricas que caracterizam as diversas manifestações emocionais. Outra rota de comunicação é através de vias curtas entre a formação reticular do tronco cerebral, o tálamo, o hipotálamo e a maioria das outras áreas contíguas do cérebro basal.

As funções de cada porção deste complexo de estruturas são correlacionadas e as principais serão discriminadas a seguir. É possível observar que não é por acaso que o hipotálamo localiza-se ao centro. Sabe-se que esta estrutura é responsável por coordenar as funções vegetativas do cérebro, por exemplo, a pressão arterial, os impulsos de comer (centros da fome e saciedade) e beber, a regulação da temperatura e as funções endócrinas do corpo, entre elas a produção e liberação pelo sistema porta hipotálamo-hipofisário nas mulheres. É subdividido em numerosas áreas, mas, estas não são ainda muito bem delimitadas e suas funções ainda não são bem esclarecidas por completo. As funções comportamentais do hipotálamo são nítidas a partir de estímulos em partes distintas do mesmo que desencadeiam reações as vezes opostas como as de fúria, luta e tranqüilidade, saciedade e diminuição da ingestão. O medo, as reações de punição e os estímulos sexuais estão correlacionados ao hipotálamo também, enquanto as lesões da estrutura levam a reações opostas àquelas já comentadas. O hipocampo, uma continuação do lobo temporal de formação arquiencefálica bastante desenvolvida no homem, é considerado um elo de comunicação entre as demais estruturas – entre elas, a amígdala, o hipotálamo, o septo e os corpos mamilares. Tem como principal via de saída o fórnix, de onde são distribuídas informações a partir de experiências sensoriais recebidas de todo o corpo. A excitação de diferentes partes do hipocampo leva a reações comportamentais de diferentes tipos tais como raiva, passividade e excesso de impulso sexual. Além disso, por ser uma área encefálica cujo córtex possui apenas três camadas, tem a característica de ser uma área hiperexcitável, ou seja, estímulos elétricos fracos podem provocar reações epiléticas locais. O vírus da raiva acomete especificamente o hipocampo e tem como conseqüências severas alterações de personalidade, tornando o paciente muito excitável e agressivo.

As amígdalas (figura 5) são porções do sistema límbico de extrema importância para a percepção comportamental que atua de forma semiconsciente, devido ao fato de que recebe conexões de todas as áreas corticais, ou seja, as informações processadas são enviadas e ela e, a mesma redistribui os dados sobre o estado atual da pessoa - tanto em relação ao ambiente quanto a seus pensamentos - ao hipotálamo, principalmente, além do tálamo, hipocampo e septo.

Figura5

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As conexões aferentes com o tálamo produzem respostas primitivas rápidas, com o córtex, respostas lentas e análise do estímulo e com o hipocampo faz correlação com memórias e outras relativas ao mesmo contexto. Já as conexões eferentes se ligam a outras estruturas tais como o tronco - e neste é responsável pela modulação dos reflexos e da atenção, com o hipotálamo onde ambas estruturas conjugadas coordenam o SNA e respostas endócrinas ao estresse e com o córtex, coordenando movimentos já mencionados além do ato de imobilização ou fuga. Os estímulos amigdalóides podem provocar reações sistêmicas que podem ser mediadas pelo hipotálamo como ,por exemplo, o controle da pressão arterial, regulação da freqüência cardíaca, aumentos ou diminuições da motilidade e secreções gastrointestinais, secreção de hormônios da hipófise anterior, principalmente das gonadotrofinas e do hormônio adenocorticotrófico. As funções independentes da mediação hipotalâmica consistem em movimentos corporais (tônicos, rítmicos, circulares, relacionados à olfação, mastigação e deglutição), pode causar atividades sexuais e ainda causar padrões de raiva, fuga, punição e medo e também reações de recompensa e prazer, dependendo da área estimulada dos núcleos.


As emoções são fisiológicas[]

A partir do estudo de algumas das funções das estruturas do sistema límbico é possível observar que as emoções não são apenas respostas dos estímulos externos, mas possuem interferência na função metabólica do nosso organismo - diversas interações entre os sistemas nervoso, endócrino e imunológico, promovendo as interações das percepções córticocerebrais com o hipotálamo - e as demais estruturas e principalmente pela interconexão de funções, e por isso a grande interferência de um abalo emocional em uma função visceral. Torna-se mais fácil entender, também, que muitos distúrbios emocionais graves resultam em afecções viscerais, sendo um exemplo clássico o caso das úlceras gástricas e duodenais.


Referências bibliográficas[]

Ballone GJ. Alterações Imunológicas no Estresse. in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005

Nishida SM. Mecanismos cerebrais da emoção. Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu, 2007. 172-177

Machado A. Neuroanatomia funcional. Livraria Atheneu. Rio de Janeiro, São Paulo. 2ª Ed. 227-231.

Guyton CA e Hall EJ. Tratado de Fisiologia Médica. Guanabara&Koogan, editora. Nona edição, 2001. 676-684

Damásio AR. O Erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. Companhia das Letras. São Paulo – SP, 2000. 156-196.


Links associados[]

http://veja.abril.com.br/140207/p_092.shtml

http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/2127

http://www.scribd.com/doc/2581429/As-emocoes

http://www.casaconhecimento.com.br/blog/wp-content/uploads/fofoca.jpg

http://www.cerebromente.org.br/n05/mente/tub6.gif

http://2.bp.blogspot.com/_IztRwEU-cVk/SeD7Tw1A7XI/AAAAAAAAANw/PRxAUYJbnKo/s400/Imagem2.png

http://www.sistemanervoso.com/neurofisiologia/14_images/14_clip_image014.jpg

http://www.mediazone.info/site/_images/amigdala.gif

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