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Autora: Suélen C. Gasparin

Colaboradores: Meline Bannach da Silva e Lucio Slovinsk

Definição[]

Hipertensão da gravidez ou Pré-eclampsia é um transtorno caracterizado por pressão alta (P. Sistólica ≥140 e P. Diastólica ≥90 mmHg) e presença de proteínas na urina após as 20 semanas de gestação em mulheres com pressão arterial normal anteriormente. Eclampsia é caracterizada pela pré-eclampsia mais a presença de convulsões.

Figura1abc

Fonte: http://www.babble.com/CS/blogs/strollerderby/pregnant-blood-pressure-check.jpg


Epidemiologia[]

A incidência da pré-eclâmpsia em países desenvolvidos varia de 6 a 10%, sendo que o grupo das mulheres que se encontram em sua primeira gestação é o mais acometido. A doença, no Brasil, é a primeira causa de mortalidade materna, com uma taxa de 21% dos óbitos obstétricos. A forma mais grave da doença, a eclampsia, ocorre em 1 em cada 2 a 3 mil gestações.

Etiologia[]

Existem várias teorias sobre a possível causa da pré-eclampsia, porém sua causa ainda permanece desconhecida. Os principais fatores predisponentes ou de risco para o desenvolvimento da hipertensão da gravidez são: - Mulheres que se encontram em sua primeira gestação (6 a 8 vezes mais suscetíveis a desenvolverem a doença) - Gestação múltipla (risco 5 vezes maior) - Mola hidatiforme (apresenta risco 10 vezes maior) - Maior incidência em fases avançadas da gravidez - Aumento da incidência em gestantes com pressão alta preexistente - Fator hereditário - Fatores sócio-economicos e comportamentais (incidência aumenta muito em países em desenvolvimento)

Fisiopatologia[]

O fator de inicio da pré-eclampsia pode ser a redução da perfusão útero-placentária associada a alterações locais do tono vascular, do balanço imunológico e do estado inflamatório, algumas vezes com predisposição genética. As mais importantes anormalidades clínicas na pré-eclampsia são originárias da disfunção endotelial generalizada, como hipertensão, presença de proteínas na urina, distúrbios da coagulação, disfunção hepática.

Alteração Renal Na gravidez normal a filtração do rim aumenta cerca de 40-60% no primeiro trimestre, enquanto na pré-eclampsia a filtração renal cai entre 30-40% em relação aos valores normais da gravidez. Existe uma lesão renal específica da pré-eclampsia que se denomina endoteliose capilar glomerular e está lesão causa uma intensa coagulação sanguínea por todo corpo, há uma diminuição do número de plaquetas e dos fatores da coagulação levando, paradoxalmente, a um risco de hemorragia. A perda de proteínas na urina é dada a uma alteração nos glomérulos, que são as estruturas que realizam a filtração do sangue no rim, então quando há um dano a este nível, a permeabilidade às proteínas aumenta permitindo a sua passagem pela membrana glomerular em sentido aos túbulos renais, onde é formada a urina, tal processo, quando em situações normais, não ocorre.

Alterações Vasculares A manifestação que mais caracteriza a presença da pré-eclâmpsia é a pressão alta, e esta por sua vez, tem sido diretamente relacionada ao espasmo das arteríolas. Esse vasoespasmo se dá por uma menor disponibilidade de substancias dilatadoras e por outro lado, aumento de substancias constritoras. Tal contração arteriolar associa-se à lesão de uma das capas que formam os vasos e à falta de oxigênio tecidual que podem gerar morte celular, hemorragia e outras alterações na pré-eclâmpsia grave.

Figura2abc

Fonte: http://www.jornalpequeno.com.br/Fotos/JP21419.48185.A.jpg

Alterações Cardíacas Nas pacientes com pré-eclampsia grave a hipertensão pode se agravar e há risco de edema agudo de pulmão¹. Alterações Hepáticas Pode haver morte celular, hemorragia, dor na parte superior direita do abdome.

Alterações Cerebrais A aparição de convulsões está relacionada à gravidade da doença, algumas mulheres tem predisposição à eclampsia. Atualmente se comprovou que a causa primária da lesão do cérebro é um acúmulo anormal de líquidos no espaço intercelular à conta de um aumento da pressão dentro do vaso cerebral. Além do acumulo de líquidos, também pode haver morte celular, hemorragia, formação de trombos dentro dos vasos cerebrais, o que justifica o aparecimento das convulsões. Distúrbios da visão também são comuns na pré-eclâmpsia grave, como por exemplo, o deslocamento de retina. Geralmente ditas alterações visuais regridem espontaneamente após o parto.

Alterações Sanguíneas Quando há redução considerável do número de plaquetas no sangue (< 100.000/mm³), que tem como causa a deposição acentuada das mesmas nos locais de lesão dos vasos, pode haver hemorragia cerebral e hepática, como também sangramento excessivo no parto, principalmente se for cesáreo. Pode haver ativação das plaquetas e lesão celular dos vasos. Na ativação plaquetária há liberação de uma sustância,o tromboxane A2, que causa constrição dos vasos, agregação das plaquetas e mais lesão vascular Na pré-eclampsia ocorre aumento da concentração do sangue, essas pacientes não desenvolvem o aumento do volume de sangue corpóreo que é normal na gravidez, mas sim, a redução do espaço dentro do vaso. A concentração de células vermelhas no sangue geralmente se encontra elevada, mas por outro lado, pode estar diminuída se houver destruição dos eritrócitos.

Alterações Hidroeletrolíticas As pacientes com hipertensão da gravidez, retém sódio e água em quantidades superiores às das gestantes normais. Tal retenção, provoca acúmulo de líquidos no espaço intercelular, o que chamamos popularmente de inchaço. O inchaço da gravidez normal é visto na região dos tornozelos, principalmente do final da tarde e desaparece no transcorrer da noite enquanto estamos deitados. O inchaço generalizado geralmente está relacionado ao processo da pré-eclâmpsia, porém 1/6 das gestantes normais relatam esse tipo de inchaço em alguma fase da gravidez. Há aumento importante do peso materno e é mais comum nos dedos das mãos e na face.

Alterações Uteroplacentárias A invasão anômala das artérias uterinas pelas células que formam parte da placenta acarreta na não transformação das artérias espiraladas do útero em vasos amplos e de baixa resistência. Essa alteração faz com que a circulação uteroplacentaria esteja reduzida em cerca de 40-60% nas gestantes com pré-eclampsia e isso leva a um grande risco de infartos² placentários, crescimento retardado da placenta e seu deslocamento prematuro. Além da anomalia dos vasos uterinos, já referida, a placenta apresenta alterações vasculares semelhantes a da doença ateroesclerótica onde há uma obstrução das artérias pelo acúmulo de lipídios, principalmente colesterol. O descolamento prematuro da placenta ocorre em 1 em cada 20 casos na hipertensão da gravidez, enquanto que em gestantes normais aparece em 1 em cada 130 casos.

Alterações Fetais Com a redução do fluxo sanguíneo uteroplacentário o bebe pode apresentar um conjunto de sinais durante a gravidez (antes ou durante o parto) que indicam que o feto não está bem.

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Fontre: http://coracaosaudavel.terra.com.br/fotos/gravidez.jpg

Sinais e Sintomas[]

A gestante pode apresentar inchaço de mãos, face, tornozelos, aumento anormal de peso, dor de cabeça forte e persistente, dor no abdome superior, visão turva, pressão alta, aumento da freqüência cardíaca, sangue na urina, náuseas e vômitos. Quando há eclampsia pode apresentar convulsões, agitação intensa, perda da consciência, ausência da respiração por breves instantes e coma.

Prevenção[]

É fundamental que durante a gravidez as futuras mães sejam acompanhadas por profissionais da saúde para a realização do pré-natal. Importante salientar que este acompanhamento é oferecido de maneira gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e ajuda a detectar, reduzir ou até mesmo prevenir muitos problemas de saúde que podem atingir as gestantes e seu bebes, incluindo a pré-eclampsia e a eclampsia.








Nota

¹ Entrada rápida de plasma sanguíneo dentro dos alvéolos pulmonares. Esse processo impede a entrada de oxigênio na circulação sanguínea.

² Lesão irreversível de um tecido devido a falta de oxigênio e nutrientes.



FONTES BIBLIOGRÁFICAS[]

- BUSSÂMARA, Neme. Neme Obstetrícia Básica. 2.ed. São Paulo: Sarvier, 2000. Cap. 33. p. 282-294.

- FREITAS, Fernando, et. al. Rotinas em Obstetrícia. 4.ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. Cap.33. p. 377-382.

- GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil: Tratado de Medicina Interna. 23.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. Vol.2. Cap. 259. p. 2120.

- MONTENEGRO, Rezende Filho. Obstetrícia Fundamental. 11.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. Cap. 18. p. 204-213


LINKS RELACIONADOS[]

- Med Online:Pré-Eclâmpsia, disponivel em: http://www.medonline.com.br/med_ed/med1/preeclampsia.htm

- Doutor Policlin: Toxemia Gravídica: http://www.policlin.com.br/drpoli/100/

- Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-72032009000100001&script=sci_arttext

- Manuais de Cardiologia: http://www.manuaisdecardiologia.med.br/has/has_Page2877.htm

- MedMap Mapas interativos do curso de medicina da UFF: http://medmap.uff.br/index.php?option=com_content&task=view&id=235

- Medline Plus: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/000899.htm

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