Editor: Danieli Diovana Dadan. Colaboradores: Gabrielle Valério e Julia Teuber Furtado.
Introdução[]
As glândulas supra-renais são dois pequenos órgãos com a forma de uma pirâmide com cerca de 3 cm de largura, 5 cm de altura e 3 cm de espessura. Ambas as glândulas situam-se na parte superior de cada rim, de tal forma que o revestem como um manto - daí a sua denominação. As duas glândulas supra-renais encontram-se envolvidas numa cápsula de tecido conjuntivo rodeada de tecido adiposo, membranas e ligamentos que fixam o órgão na sua posição. Na parte inferior, é possível distinguir duas partes completamente distintas: o córtex e a medula.
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O córtex supra-renal, que se encontra por baixo da cápsula é uma espessa camada de tecido formado por células epiteliais que fabricam hormônios, conhecidos como corticosteróides. Sendo este córtex composto por três diferentes camadas de tecido, a zona glomerulosa, a zona fasciculada e a zona reticular. Cada uma destas zonas do córtex supra-renal produz hormônios diferentes, com funções bem distintas, descritas a diante. A medula supra-renal, que ocupa a região central da glândula, composta por um tecido do tipo nervoso, englobando células especializadas na produção de hormônios, como a adrenalina e noradrenalina, cuja secreção é controlada pela atividade do sistema nervoso autônomo, responsável pela resposta de luta e fuga.
Regulação/Controle das glândulas[]
A atividade do córtex das glândulas supra-renais é regulada por meio de estímulos externos, que atuam especificamente sobre o hipotálamo. Estímulos dolorosos causados por estresse físico ou lesão tecidual é transmitida para o tronco cerebral, seguindo para a eminência mediana do hipotálamo. O estresse mental pode estimular a glândula por meio do sistema límbico, que é ligado às emoções, à cognição, e ao aprendizado. Nesse caso, as amígdalas e o hipocampo transmitem sinais para o hipotálamo medial posterior. Em ambos o hipotálamo passa a secretar o hormônio CRH (corticotropin-releasing-hormone), produzido nos núcleos paraventriculares e secretado no sistema porta-hipofisário. Tal hormônio segue para a adenohipófise, estimulando a produção e a secreção do ACTH, hormônio adenocorticotrófico, que vai estimular as supra-renais para produzir cortisol.
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O aumento da concentração de ACTH na corrente sanguínea gera, nas glândulas adrenais, uma série de processos que convergem para a maior produção de hormônios adrenocorticais, especialmente os glicocorticóides. O organismo pára de produzir o cortisol quando o nível deste está muito aumentado, sendo um controle chamado de feedback negativo. É importante ressaltar que a produção de aldosterona é estimulada pelo aumento da concentração plasmática de angiotensina II em situações de hipotensão. Tal molécula atua no córtex de forma similar à atuação do ACTH. A regulação da medula adrenal se dá através de estímulos externos, também. Quando uma pessoa vive uma situação de estresse, susto, grandes emoções o sistema nervoso induz a medula adrenal a liberar adrenalina no sangue. Sob a ação desse hormônio, os vasos sanguíneos da pele se contraem e a pessoa fica pálida; o sangue passa a se concentrar nos músculos e nos órgãos internos, preparando o organismo para uma resposta vigorosa.
Função do córtex supra-renal[]
O córtex supra-renal produz esteróides, um grupo de hormônios produzidos a partir do colesterol, com semelhanças químicas com este composto, embora com funções diferentes.
[[3]] • A zona glomerulosa elabora mineralocorticóides, hormônios que intervêm no metabolismo do sódio e do potássio, minerais muito importantes no equilíbrio dos líquidos no organismo. O principal mineralocorticóide é a aldosterona, um hormônio que atua sobre os rins, estimulando a reabsorção de sódio, de modo a que este não seja eliminado com a urina, o que origina uma maior retenção de líquidos no organismo. • A zona fasciculada produz glicocorticóides, um grupo de hormônios cuja função principal consiste em regular o metabolismo dos nutrientes energéticos, ou seja, os lipídeos, glicídios e proteínas. O glicocorticóide mais importante é o cortisol, que é produzido a partir do colesterol. • A zona reticulada elabora androgênios, hormônios que estimulam o desenvolvimento das características sexuais masculinas e o crescimento do tecido muscular. Nas mulheres, estes hormônios apenas são produzidos pelas glândulas supra-renais. Por outro lado, nos homens, os androgênios são elaborados pelos testículos. Esta diferença na produção de androgênios é determinante para a diferenciação das características sexuais masculinas e femininas.
Função da medula supra-renal[]
A medula supra-renal, para além de ser formada por tecido nervoso especializado na produção de catecolaminas, pertence ao sistema nervoso autônomo, um sistema que regula as funções automáticas do organismo, como a respiração, o ritmo cardíaco ou a motilidade do tubo digestivo. Como as catecolaminas pertencem ao sistema simpático, este é ativado em caso de alarme ou stress, preparando o organismo para enfrentar situações desfavoráveis.
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A medula supra-renal fabrica dois tipos de catecolaminas: a adrenalina e a noradrenalina. Estas substâncias, após serem segregadas no sangue, atuam sobre uma grande variedade de órgãos e tecidos, com ações muito diversas, pois aumentam a pressão arterial, a freqüência cardíaca, o fluxo sanguíneo para os músculos do aparelho locomotor, o diâmetro dos brônquios e o tamanho das pupilas, enquanto diminuem o fluxo sanguíneo para a pele e tubo digestivo. Essas alterações metabólicas permitem que o organismo de uma resposta rápida à situação de emergência. A noradrenalina é liberada em doses mais ou menos constantes pela medula adrenal, independentemente da liberação de adrenalina. Sua principal função é manter a pressão sanguínea em níveis normais.
Distúrbios de Funcionamento[]
Medular
- Hiperfunção: tumores como o feocromocitoma: principal problema é a hipertensão arterial sistêmica.
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- Hipofunção: atrofias idiopáticas, secção do nervo vegetativo que a estimula, em princípio nenhuma alteração importante.
Córtex
- Hiperfunção:
a) Glomerular (Doença de Conn): Tumor da zona glomerular, excesso de mineralocorticóides. Conseqüência: edema, hipertensão, antidiurese.[Arquivo:Fig_7.jpg|thumb|352px]][8]]
b) Fascicular (Síndrome de Cushing primária ou secundária): excesso de glicocorticóides, edema de face, estrias abdominais, dilatação abdominal, hipertensão. Quando o início é na glândula hipófise, (secundária), por tumor, o processo hipertrófico é bilateral, com hipertrofia das duas glândulas, excesso de cortisol, inibição do ACTH, (por feedback negativo), e a cor da pele se torna escura, quase negra, em função do excesso de ACTH. Quando o processo se inicia em apenas uma das glândulas adrenais (processo primário) não há estímulo hipofisário, e o excesso de cortisol inibe o ACTH hipofisário. Nos dois casos a causa do processo é um tumor que pode ser benigno ou maligno.[Arquivo:Fig_8.jpg|thumb|400px]] [[9]]
c) Reticular: Suas alterações se fazem sentir quando há uma hiperfunção, pois, aumenta o nível de hormônios sexuais masculinos e neste caso podemos obter masculinização na fêmea. No macho só podemos perceber alguma alteração quando o distúrbio ocorre antes da puberdade.
- Hipofunção (doença de ADDISON), se caracteriza pela insuficiência da camada cortical. Pode ter como conseqüência da tuberculose, causando atrofia da camada cortical e sua degeneração. Após algum tempo o processo passou a ser basicamente pelo abuso de cortisol que ao deixar a glândula “preguiçosa” levava a sua atrofia. Ao se suspender o uso do medicamento havia uma falência da camada cortical que não respondia ao ACTH, até porque este estava inibido por feedback de longa duração (medicamentosa).
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