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Teoria evolucionista e personalidade: a síntese moderna - Parte I

Psicólogos evolucionistas acreditam que os mecanismos psicológicos básicos passaram por uma seleção, ou seja, as melhores adaptações contra os problemas de nossos ancestrais garantiram a sobrevivência e reprodução deles e passaram por gerações.  

Os componentes básicos da natureza humana, então, são considerados evoluídos. Os nossos sentimentos e emoções podem ser compreendidos a partir da adaptação que tiveram.

Os pontos a serem considerados no valor adaptativo são o sucesso reprodutivo e a transmissão de genes.  As adaptações referem-se à forma de vida de séculos atrás e são influenciadas pelo contexto, por exemplo, o gosto por gordura se relaciona com a escassez dessa fonte nutritiva no passado.

Diferenças nas preferências de homens e mulheres com relação a seus parceiros

Teoria Evolucionista de Darwin

Teoria do investimento parental: As mulheres apresentam maior investimento parental na prole do que os homens porque tem período limitado de fertilidade, logo, o “custo de reposição” delas é maior e por isso procuram um homem que ofereça recursos e proteção . Já os homens se concentram mais no potencial reprodutivo da fêmea, como por exemplo, sua juventude.

Probabilidade de paternidade: Essa questão refere-se ao fato de que as mulheres sempre podem ter certeza de que são as mães de seus filhos, já os homens não tem a mesma certeza de paternidade. Dessa forma, o homem se preocupa em gastar investimento em um filho que não é seu e acaba criando rivalidades sexuais e valorizando a castidade da fêmea.

Hipóteses derivadas das teorias de Darwin:

Para o homem, “o valor como parceira” será medido pela sua capacidade reprodutiva, juventude, atração física e castidade.

            Para a mulher, “o valor como parceiro” será medido pela quantidade de recursos que o homem pode oferecer, através de características como a capacidade de ganhar dinheiro, a ambição e a diligência.

Em relação ao ciúme, homens são mais ciumentos com infidelidade sexual e ameaça a probabilidade parental e mulheres se preocupam com vínculos emocionais e perda de recursos.

David M. Buss – PESQUISA

Diferenças entre homens e mulheres no que concernem as causas do ciúme.

Resumo dos estudos realizados por David M. Buss com estudantes universitários em graduação:

Pergunta: Você experimentaria maior perturbação em resposta a infidelidade sexual ou a infidelidade emocional? Homens - 60% Infidelidade sexual Mulheres – 83% Infidelidade emocional

Medidas fisiológicas de perturbação através da imaginação de dois cenários: um em que seu parceiro se envolvia sexualmente com outra pessoa e outro em que seu parceiro se envolvia emocionalmente com outra pessoa. Novamente os homens foram mais perturbados pela cena de infidelidade sexual, enquanto que as mulheres se incomodavam com a infidelidade emocional.

A teoria Evolucionista e as Cinco Grandes Dimensões da Personalidade

Goldberg (1990) argumenta que as pessoas fazem cinco perguntas fundamentais e universais quando interagem com outra pessoa:

1)    X é ativo e dominador ou passivo e submisso?

2)    X é agradável ou desagradável?

3)    Posso contar com X?

4)    X é louco ou são?

5)    X é esperto ou estúpido?

Essas cinco questões correspondem às cinco grandes dimensões da personalidade defendidas pela teoria evolucionista. Porém existem diferenças individuais que influenciam nos processos de evolução por seleção natural, como, por exemplo, a extroversão e a estabilidade emocional que podem interferir na seleção de parceiros.

Há também a visão biológica de semelhança entre humanos e primatas. Além de 98% de compatibilidade entre os genes, mais sete traços são compartilhados: nível de atividade, receio, impulsividade, sociabilidade, nutrição, agressividade e dominação.

Genes e personalidade: a síntese moderna - Parte II

Para compreender a relação dos genes é importante entender que não existem genes comportamentais, como “gene da introversão” ou “gene na extroversão”.             Há três tipos de estudos que relacionam o Comportamento x Genética: estudos de acasalamento seletivo, estudo de gêmeos e estudos da adoção. 

Estudos de acasalamento seletivo: Amostragem: animais Método: Animais com características específicas são selecionados e cruzados até que se produza uma linhagem com a característica desejada consistente. Também podem ser estudados animais com características diferentes, e relacionar as diferenças com a influência do meio. Uso: Cavalos de corrida.

Estudos de gêmeos:             O estudo com gêmeos permite avaliar o efeito do ambiente em gêmeos monozigóticos, fraternos e irmãos não gêmeos. Se duas pessoas possuem os mesmos genes, gêmeos monozigóticos, as suas diferenças são reflexos da influência do ambiente em que viveram.

            Já os indivíduos que não são geneticamente iguais, gemêos dizigóticos e irmãos não gêmeos, que compartilharam o mesmo ambiente, expressam diferenças relacionadas com a diferença genética. Estudos da adoção:

            Também relacionam influência do ambiente e genes. A similaridade das crianças e os pais biológicos, diz respeito à hereditariedade dos genes. Já a similaridade das crianças com os pais adotivos, diz respeito à influência do ambiente. Nesses estudos, devem-se considerar os graus variados de similaridade.

Interações Ambientais e entre genes e ambientes

Em 1958, Cooper e Zubeck fizeram um experimento com ratos para identificar a interação ambiental sobre a personalidade e temperamento. Os animais eram testados em um labirinto, os que tinham melhores habilidades e facilidade para se locomover, foram identificados como “espertos”, o restante dos ratos foram denominados “estúpidos”.  Os ratos foram separados, e os ratos “estúpidos” foram colocados em um ambiente enriquecido que os estimulava a melhor se locomover dentro do labirinto e os ratos “espertos” ficaram em um ambiente empobrecido. Os dois pesquisadores, após algum tempo, reavaliaram as habilidades dos ratos, o resultado foi que os “espertos” continuaram no mesmo nível de habilidade que possuíam antes, já os “estúpidos”, apesar de não alcançarem o nível dos “espertos”, incrivelmente evoluíram suas habilidades e se locomoviam mais facilmente no labirinto.

Ambiente Compartilhado e não compartilhado

Ambiente Compartilhado: ambientes compartilhados por irmãos, pelo fato de crescerem na mesma família. Ambiente Não-Compartilhado: não são compartilhados por irmãos que crescem numa mesma família.

            Vale ressaltar para entendimento do ambiente não-compartilhado, que este ambiente pode ser diferente devido a fatores como: diferença de sexo, doença ou diferença de idade entre os filhos, levando a um modo de criação específico e não compartilhado entre os irmãos. Outro ponto importante é o fato dos irmãos geralmente possuírem amizades diferentes.

            Nos estudos de ambientes, deve se considerar o trabalho feito por Robert Plomin, em 1990. Esses estudos são baseados na avaliação da semelhança de personalidade em função do ambiente e do fator genético. Se o ambiente compartilhado fosse considerado como grande fator de similaridade, irmãos que cresceram numa mesma família seriam muito parecidos entre si e com seus pais. Porém, o que se observa é uma grande diferença de personalidade entre irmãos que compartilham ambientes. A resposta para essa questão está no ambiente não-compartilhado, Plomin sugere que além dos 40% de influência de fatores genéticos na personalidade, 35% correspondem a efeitos de ambientes não-compartilhados.

            A interpretação desses estudos é de que a família e o ambiente compartilhado têm influência sim na personalidade da criança, porém as experiências únicas de cada um são mais importantes na definição de temperamento e personalidade.

Três tipos de interação entre hereditariedade e ambiente

1.    As mesmas experiências ambientais podem ter efeitos diferentes sobre os indivíduos com genótipo diferente. Ex: pai ansioso tem respostas diferentes ao tratar o filho irritável e o filho calmo.

2.    Indivíduos com diferenças genotípicas podem evocar respostas diferentes no ambiente. Ex: A criança calma consegue uma resposta diferente da criança irritável na relação com os pais. Características como beleza, também influenciam nas diferentes respostas

3.    Indivíduos diferentes selecionam e criam ambientes diferentes. Ex: o extrovertido busca ambientes diferentes do introvertido.

Neurociência e Personalidade

Dominância dos Hemisférios Esquerdo e Direito

Davidson (1994,1995,1998) sugere que a ativação da região frontal esquerda está associada com emoções relacionadas com a aproximação e são geralmente positivas. Já a dominância da região frontal direita está relacionada com emoções de retraimento e são normalmente negativas.

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